João Batista (JB) se destacou
entre os alunos da academia improvisada que o ex-pugilista Garrido mantinha na
região central, onde desenvolvia uma ação social com o nome de Corasol Nascente; ele começou a treinar para não voltar a
assaltar, após sobreviver ao massacre do Carandirú. Atualmente administra uma das unidades embaixo
do viaduto do Glicério, começou a montá-la com aparelhos doados e com sucata
encontrada pela região, mas após
desabamento do ringue, ele colocou uma placa com os seguintes dizeres: “o
ringue pede socorro”, e foi assim que uma equipe de atletas de jiu-jitsu
conheceu o projeto e juntos conseguiram reformar o ringue, pintar aparelhos e
reformar também a academia. O projeto é sem fins lucrativos e ainda não conta
com incentivo do governo, e tem como
objetivo levar o esporte para pessoas menos favorecidas, tirar os jovens da
situação de risco.
JB- Foto: Eva Bella |
Sob os viadutos de São Paulo geralmente encontramos degradação, moradores de rua, lixo e usuários de drogas, porém no Viaduto do Glicério a história se difere, pois em meio às colunas encontramos uma academia popular realizada pelo projeto Cora-Garrido, que há cerca de cinco anos vem ocupando três viadutos paulistanos.
Foi para ajudar os meninos a saírem das ruas e das drogas através do esporte que Garrido (ex-pugilista que trabalhava como segurança no vale do Anhangabaú) instalou-se sob a passarela da Câmara Municipal. Na falta de equipamentos adequados, ele os improvisou com pneus de caminhão, lata de concreto, mola de caminhão, amortecedor. Os meninos de rua começaram a praticar esportes, deixaram de usar drogas e furtar; depois, Garrido conheceu Corina Batista de Oliveira, a Cora, funcionária pública do Centro de Vigilância Sanitária e conselheira da Comunidade Negra do Estado, que se apaixonou pelo projeto do boxeador e o ajudou a dar continuidade a ele. O projeto é proveniente de doações de equipamentos e da reutilização de alguns materiais como pneus e elásticos.
Com o tempo a academia ganhou espaço, no Viaduto do Café, na Bela Vista, mas logo foi desativado pelo projeto do Estado de revitalização do Centro, que fez com que a Academia se mudasse para o Viaduto Alcântara Machado, na Mooca. Outras duas unidades estão em atividade em São Paulo: a do Glicério e a de São Miguel Paulista.
Atualmente João Batista (JB), de 45 anos, mora e administra a academia do Viaduto do Glicério, há cerca de um ano. Ele é ex-aluno de Garrido. JB começou a estudar Educação Física na Universidade Paulista (UNIP), mas por falta de recursos teve que abandonar a Universidade.
Leandro Fredericci Machado, 26 anos, professor de educação física, explica que mesmo sem concluir a universidade, é possível que JB esteja no caminho certo; ele foi treinado por um ex-pugilista, campeão, tem mais de 20 anos de estrada e a academia possui vários equipamentos, que se forem usados de forma correta não causam lesões.
A academia do Viaduto do Glicério vem ganhando reconhecimento pela região. Diego Felipe da Silva, de 25 anos, é camelô, atleta e freqüentador do espaço há pelo menos três meses; é um rapaz de grande força de vontade e tem como objetivo se tornar um lutador de MMA (Mixed Martial Arts). Diego mora em um bairro longe da academia, mas mesmo com a distância, duas vezes por semana antes do trabalho vai à academia para treinar com JB. Algumas crianças também freqüentam o local.
JB demonstra através de suas palavras e gestos que tem grande preocupação com a comunidade local, quer ver as crianças longe das drogas, e pensa em ampliar o projeto para além das aulas de pugilismo e academia. Tem uma pequena biblioteca, que recebe doações, e em breve pretende levar o Graffiti para seus alunos. Agora, JB torce para que a prefeitura não faça a desapropriação do local.
Entrevista: Cleide Almeida
Fotos: Eva Bella e Leticia Elias
Matéria: Cleide Almeida, Eva Bella e Letícia Elias.
Foto: Eva Bella |
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